Imagem: Jessica Janae Photography
Há algumas semanas saiu minha primeira (e até o momento única!) estria da gravidez, bem pequena e fina no seio. Resultado: Chorei por meia hora, aquele choro feio e dolorido como se um parente meu tivesse morrido. Ninguém morreu, mas de certa forma estava em luto pelo meu corpo e pelo que ele já foi, sem saber como as coisas serão daqui para frente.
A gravidez tem sido uma experiência transformativa e extremamente desejada. Mesmo tão próxima da reta final, ainda tenho dificuldade de compreender que existe um ser humano dentro de mim. Celebro cada chute (sinal de saúde!), cada visita ao médico, cada momento de troca com essa mini pessoa que mal conheço e já curto pacas 😉. Mas mesmo com tudo isso, é difícil lidar com as mudanças e incertezas.
Moro dentro do meu corpo há 32 anos e, apesar de já ter passado por muitas mudanças, nenhuma delas foi tão rápida e tão drástica quanto a gravidez. Como é que o meu corpo pode ter mudado tanto em apenas 9 meses? Não é nem um ciclo completo de um ano, 365 dias. Meus seios estão maiores, meus quadris mais largos. Será que vão continuar assim? E a minha barriga, o que vai acontecer com ela depois que o bebê nascer? Volta tudo? Vou ter pele esticada? Será que os meus seios vão cair? Meu rosto está cheio de marcas de acne do primeiro trimestre. Existe alguma coisa que será como antes?
Para mim, essas perguntas não são apenas uma questão de estética e vaidade. Elas fazem parte da forma como me reconheço. O meu corpo é a minha identidade. Neste momento, além de adicionar a identidade de mãe, também preciso me reajustar à nova identidade do meu corpo. É estranho! Eu sempre gostei de mim do jeito que sou, mesmo imperfeita. Mas quem é essa nova pessoa no espelho? A incerteza e o novo sempre dão medo.
Por isso, se você chorou por causa de uma estria, não se sinta sozinha. Ofereço aqui minhas condolências e o abraço de quem te entende. Acredito que seja okay chorar por causa de uma estria (ou qualquer outro motivo), porque ela representa todo o resto que dá medo. As vezes tudo o que a gente precisa é lavar a alma com lágrimas para se preparar para as mudanças, a nova identidade—mesmo que ela seja ainda melhor do que tudo aquilo que você já experienciou.
Depois a gente passa creme anti-estrias e ora pra dar certo.
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Um comentário
Nossa... falou tudo! Me faço as mesmas perguntas, sofro do mesmo jeito (apesar de ainda não ter chorado, mas acho que essa fase ainda vai chegar), e entendo essa dor misturada com alegria. Acho que todas as mães passam pelas mesmas coisas. Ser mãe é mesmo padecer no paraíso!
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