A minha criança

A cada dia que passa, o meu bebê se torna mais menino e menos aquela bolinha que esperei tanto tempo para conhecer

Já faz um ano e meio desde uma eternidade que não chegava nunca. Dizem que são nove meses, mas quem passa por isso sabe que são praticamente 10 meses que passam como 23 anos. Então posso dizer que, desde os 23 anos que nunca acabavam, já se passaram um ano e meio.

Do bebê que eu achava que nunca iria conhecer, resta apenas umas coxinhas gordas. Fala, anda e aponta para tudo. "Ali, ali!" com o dedinho sempre espetado para uma nova descoberta. São torres de bloquinhos, risadinhas que escondem as travessuras e a capa da invisibilidade que claramente o acoberta quando está entre duas cadeiras. "Cadê? Cadê?" Essa é a pergunta dele pra mim, como se eu mal conseguisse enxergar aquela pessoinha que cresceu quase 30 centímetros no último ano.

Cadê é a pergunta que a mamãe também faz todos os dias. Cadê o tempo que nunca chegava e de repente passou rápido demais? Cadê a lentidão daquele tempo para congelar essa risadinha gostosa? Cadê? Cadê?

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