São Paulo

As vezes bate muita saudade de casa. E quando eu digo casa, eu digo o meu país. Eu digo São Paulo e Brasilia, os dois lugares do meu coração. Tem vezes que sinto mais saudade de Brasilia e toda a sua quadradice correta e linda. E tem vezes que bate mais saudade de São Paulo, como hoje. Que dá saudade de andar na Paulista, de ter DIVERSAS opções de museus para visitar num fds, de tomar caldo de cana na feira.

E pra matar a saudade, aqui vai um texto que escrevi no meu falecido Fotolog. Mesmo depois de 7 anos, o meu sentimento ainda não mudou.

"Hoje celebrei meu dia de Policarpo Quaresma. Fui à República (praça da República, centro da cidade – aos desinformados) resolver um assunto. Na volta me perdi. Clássico. Senão não seria eu.
Drama? I don’t think so.
Resolvi ter meu dia Policarpo Quaresma. Assim do nada, não mais que de repente.

*Passei de esquina entre a Av. Ipiranga e a Av. São João, e cantei “alguma coisa acontece no meu coração...” assim, meio audível mesmo. Quem me conhece sabe que eu fiz isso pra valer. Parei. Olhei para as placas indicando o cruzamento das avenidas. Reverenciei o momento.
*Dei uma voltinha na galeria do rock. De camisa cor-de-rosa e salto alto. Destacando entre a galera de preto com camisetas de banda de rock. Olhei o preço do All Star. Por mais estranha que eu fosse naquele ninho, ninguém me notou.
*Passei pelo largo do Arouche e disse um “cala a boca, Magda!”. Em memória de Caco Antibes e os brioches.
*Parei em frente ao prédio do Banespa e contemplei a imensidão. Não entrei, como sei que deveria. Quero fazer isso acompanhada. Mas fiquei imaginando a vista lá de cima.
*Contemplei a visão caótica da 25 de março de cima de uma avenida. Imaginei como é possível andar por lá, lembrando que muitas vezes me embrenhei naquele tumulto.
*Passei pelo Pátio do Colégio, pensei nos jesuítas e na loucura que deveria ser colonizar e tentar ensinar algo a um monte de índios pelados. Me deu arrepios de imaginar a maneira delicada que eles tentavam “adestrar” os pobres índios “desculturados” (essa palavra existe?)
*Pasmem: Entrei na catedral da Sé pela primeira vez. PRIMEIRA! Olhei os vitrais. Como já era próximo das 5hs da tarde, as luz estava entrando de uma maneira, digamos assim... poética pelos vitrais coloridíssimos. Olhei as colunas gigantescas, dei uma de Robert Langdon (só sabe quem já leu Anjos e Demônios e o Código da Vinci) e tentei descobrir significados encobertos pelo tempo. Ouvi som de monges cantando. Reais, irreais, sei lá. Sentei e contemplei por um instante.
*Fui para a Praça João Mendes, onde fica aquele fórum gigantesco que eu já entrei um milhão de vezes com a minha mãe. No sinal para atravessar a avenida, ouvi um cara lendo a Bíblia, pregando e falando que todo mundo vai pro inferno. Big deal.

Peguei o ônibus e sentei cansada. E satisfeita. Me sentindo Policarpo, mas ainda sem saber uma palavra de tupi.

ouvindo: Como não poderia ser diferente... Sampa, de Caetano Veloso.
"Alguma coisa acontece no meu coração
que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João
é que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
da dura poesia concreta de tuas esquinas
da deselegância discreta de tuas meninas

Ainda não havia para mim Rita Lee, a tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João""


Caetano nunca compôs uma música que falasse tanto para o meu coração como Sampa.

2 comentários

Anônimo disse...

uau!!! Quanto mais leio seus textos mais me apaixono por eles!!!

parabéns!!!

Te amo e amo seus textos!

Sua fã nº 1: Elza

Natacha disse...

Amei!!