Porque um dia eu vou ser avó...


Texto dedicado a avó mais legal do mundo, que além de ter preparado muitas guloseimas saborosas, ainda me ensinou a apreciar arte, O Pequeno Príncipe, os jardins franceses, e as ruínas dos povos antigos.


E daí que outro dia minha amiga veio me dizer que ela se preocupa com o cabelo dela quando for avó. Você vê, pra ela vovó tem cabelo curto, branco e enroladinho, mas aí o dela vai ficar armado  e esquisito. O curto enroladinho não vai rolar. Ela também tem medo de não saber fazer crochê e tricô até lá, e avó que é avó tem toalhas e mais toalhas de crochê, todas prontas e cheias de biscoitos em cima para servir para os netinhos.

Eu, que ainda estou contemplando a idéia de que meu útero pode gerar uma vida (uma vida que vai crescer, se desenvolver através dos anos, um dia casar, e contemplar a idéia que pode gerar uma vida que será o meu neto), nunca, mas assim, nunca mesmo, pensei que um dia seria avó. E sabe quando você se pergunta, mas que diacho de avó eu vou ser? Assim, meio teórico mesmo porque, como disse, ainda estou tentando entender que posso ser mãe. Vó?  Jamé.

E aí eu formei uma teoria. Eu quero ser uma avó cool, bem Jane Fonda. Eu vou levar os meus netos para as minhas aulas de fitness, e vou comprar com eles camisetas de banda pra usar debaixo do meu terninho de corte reto e colar de pérolas (presente do meu filho, que insiste em me classificar como uma avó“normal”). Ao invés de perder minhas tardes assando carboidratos recheados de açúcar, eu vou levar a minha prole de netos para os restaurantes mais badalados da cidade pra tomar um smoothie de grama com leite de soja.

E apesar disso, eles ainda vão me amar. Porque ao invés de perder o meu tempo tricotando um cachecol fora de moda que eles vão simplesmente odiar, eu vou explicar para eles as revoluções do mundo, vou ensiná-los a apreciar o parnasianismo e as culturas ocultas, vou discutir com eles as poesias de Manoel Bandeira e a malandragem de Macunaíma, e mostrar para eles como apreciar as músicas do Coldplay antes deles terem se tornado uma banda pop. Vou contar as minhas histórias de Brasilia e de como pisei no chão onde a Legião Urbana esteve, e como as obras de Oscar Niemeyer são eternas.

E então eles vão entender que eu não só serei uma avó muito legal, como eu também serei uma pessoa que viveu, que andou nos passos dessa terra, e que absorveu cada momento dessa vida com intensidade. Porque qualquer um sabe tricotar, mas não é qualquer um que sabe viver.

4 comentários

Elza disse...

Impossível não aplaudir!!!!!! Parabéns!!!!!! Que texto maravilhoso!!!! Fiquei feliz porque não sei tricotar... hehehehe
Te amo1 Ah! Não esqueça: sou sua fã nº 1!!!!!

T&T Adv disse...

Monks, muito lindo, chorei, o que não é difícil! Mas a minha emoção é em saber que,a flor desabrochou, transformou a linda garotinha em mulher sábia, maravilhosa e grata! Grata pela família, pelo amor e pela educação! Lembrar-se da avó, que foi parte importante dessa história, é muito lindo! De fato, a vó viajou, caminhou muito e trouxe, além de pequenas lembranças, histórias dos lugares em que esteve, sempre desejando compartilhar os seus sonhos e sempre desejando que aqueles (as) à quem tanto ama, também tenham essas oportunidades e outras tantas! Fico feliz em saber que a vó é um exemplo que merece ser citado! Fico mais feliz em saber que, em meio às dificuldades, inerentes à vida, você vence e não perde os bons princípios! Você é especial e me faz feliz poder dizer, com muito orgulho, que é minha sobrinha! Me fez viajar, ao lembrar-me da vó preparando as deliciosas refeições, lanches e ainda, com disposição prá trabalhar fora, cuidar de tudo e contar histórias! Se eu te amo? Hoje, mais do que nunca! Sua linda!!! bjs

Monica Lunardelli disse...

Obrigada, mãe! Tudo o que eu preciso é de fãs como você! :D

Unknown disse...

Que post lindo Monica! espero ser uma avo cool que nem vc vai ser! hehe. bjs