Maternidade dentro de casa

Depois do meu sobrinho ter passado uma semana aqui em casa, eu percebi que trabalho de mãe é realmente cansativo -- são 24 horas por dia. Foi incrível como a minha apreciação pela maternidade aumentou. Afinal, você tem uma criança dentro de casa que NÃO PARA, que fica pulando e sujando/mexendo em tudo em volta, e aí fica difícil fazer qualquer coisa dentro de casa. Mães, parabéns!

Mas acho que nada mudou tanto a minha percepção da maternidade como os dois últimos meses. Você vê, como estudante internacional você tem direito ao OPT, que é uma extensão do seu visto de estudante pra depois que você forma, para que você trabalhe por um ano aplicando aquilo que aprendeu na vida real. Essa permissão NUNCA é negada porque é um direito do estudante. Bom, como nem tudo é flores, eu tive essa permissão negada. Recorri, falei com todos -- inclusive Deus -- pra resolver esse problema, mas como foi um erro do governo americano, e não é como se os caras fossem pedir desculpas, eu tive que aplicar de novo.

Então faz dois longos meses que estou em casa, esperando a resposta da minha segunda aplicação. Apesar de já ter o emprego na fila pra assim que conseguir a permissão, tive que ficar em casa. Nesse tempo todo, fiz armazenamento de alimentos, scrapbook, pesquisa para o site do Rob, iniciei o meu próprio negócio de fotografia com a minha amiga Jenni Torgan, preparei e congelei alimentos, fotografei um casamento e diversos casais, ajudei a Jenni a organizar o chá de bebê dela, li inúmeros livros, fui ao templo... E mesmo fazendo tudo isso, eu ainda não consegui preencher o meu tempo e o vazio que senti por não estar fazendo algo "produtivo".

Eu senti falta de trabalhar. Não só pelo dinheiro, que é lógico que sempre faz falta, mas pela produtividade que sinto ao trabalhar. Senti falta de estar num lugar diferente da minha casa as 8 horas da manhã, senti falta de falar com pessoas diferentes todo dia, e senti falta de lidar com assuntos que não sejam domésticos. Senti falta de me sentir produtiva, de me sentir importante, de sentir que faço a diferença para alguma coisa. Foram dois meses frustrantes e relativamente vazios.

E como não poderia deixar de ser, nesse tempo todo me perguntei como seria se fosse mãe. Será que sentiria falta de tudo isso se estivesse em casa com filhos? Ou eu estaria tão ocupada cuidando deles que eu nem perceberia? É difícil dizer porque ainda não sou mãe, e aparentemente não sou possuidora do amor que supera tudo, como as pessoas gostam de dizer. Mas de uma coisa eu sei: Independente de ter filhos ou não, eu gosto de me sentir produtiva e realizada profissionalmente. Eu GOSTO de trabalhar.

Pensando no sacrifício que seria ficar em casa com os meus filhos, entendi o sacrifício que milhares de mães fazem todo dia, ou que já fizeram, como a minha própria mãe, de adiar o sucesso profissional para criar aqueles que um dia serão adultos descentes e morais. Elas adiam o sucesso delas, mesmo tendo que ouvir da sociedade que elas são uma encostadas que não fazem nada da vida, para poder criar e ensinar os próprios filhos. Se isso não é um sacrifício, eu não sei o que é.

Eu sei que algumas realmente esperam ansiosamente pela maternidade para finalmente "se aposentar", mas esse texto não é sobre elas. Esse texto é sobre aquelas que amam o que fazem mas deixam tudo de lado pelos filhos. Obrigada, mães! Acho que entendo agora um pouco o valor do sacrifício que vocês fazem.

E caso você esteja curioso, o final da minha história é feliz. O meu OPT foi aprovado hoje, e semana que vem eu já devo começar a trabalhar.

Obrigada por todo o sacrifício, mãe! Te amo.

4 comentários

Elza disse...

Obrigada filha! Chorei... Lindo texto!

Monica Lunardelli disse...

Mamis, não era pra você chorar! hahaha. Te amo!

Priscila disse...

Ahhh, parabéns pelo OPT! Que ótimo!

Favorite sentence:
"É difícil dizer porque ainda não sou mãe, e aparentemente não sou possuidora do amor que supera tudo, como as pessoas gostam de dizer."

Me identifico com esse post. E ainda acrescento a idéia de que, quando se faz o que gosta, nunca terá que realmente "trabalhar" na vida. Pensando assim, é fácil entender isso de se sentir produtiva e realizada profissionalmente! Afinal, acho que nossos hobbies são extensões de nós mesmas.

Monica Lunardelli disse...

Oi, Pri! Sabe que eu pensei em você enquanto escrevia esse texto? Pensei nas nossas conversas na BYUTV sobre um dia quando formos mães...